Messi resolveu sair da casa dos pais. E o futebol agradece
Antes tarde do que nunca, Lionel Messi resolveu sair do Barcelona. Mal comparando é como o filho que decidiu sair da casa dos pais depois de tanto tempo acomodado por ter tudo fácil ali nas mãos. Tudo que ele fez no Camp Nou é superlativo e dificilmente será igualado, quiçá superado algum dia. Mais do que qualquer um ele precisa provar para si mesmo que consegue fazer o que faz em qualquer lugar.
Essa decisão poderia ter sido tomada há pelo menos dois anos. A eliminação da Argentina pela futura campeã França na Copa do Mundo gerou uma nova onda de questionamentos sobre a escassez de conquistas dele fora de suas cercanias. Sim, ele é o maior artilheiro da camisa albiceleste, ele foi crucial para a classificação para a citada Copa. Mas quem já se acostumou a vê-lo fazer o impossível com a camisa azul-grená não engole fácil argumentos de que a seleção argentina é uma bagunça ou ele está cercado de pernas de pau — o que nunca foi verdade, diga-se.
A decisão de sair mostra que ele quer mais, embora não precise. Foram 34 títulos no Barça, seis bolas de ouro, recordes pulverizados a tal ponto que alguns já coloquem-no acima de Pelé. Aliás, se ele quisesse parar de jogar poderíamos apenas lamentar, não questionar, pois ele não precisa de mais nada — vá lá, uma Copa do Mundo não seria de todo mal.
Para onde vai é o que menos importa. O que vale agora é ele vestir outra camisa e, principalmente, entrar num modelo de jogo diferente daquele em que atua desde os 13, 14 anos. É tão automático que, se for convencido a permanecer na Catalunha, ele se desafie jogando de olhos vendados. Ainda assim vai brilhar. O jogo de Messi no Barcelona ficou telepático, automático. Foi justamente por isso que o Bayern de Munique fez aquele estrago nas quartas de final da Liga dos Campeões.
Uma Premier League faria muito bem para ele. Competitiva em altíssimo nível, seria a hora de ele se olhar no espelho e dizer: “Vim vi e venci”.
Há quem diga que ele sai com a imagem arranhada. É impossível um atleta ter feito tudo que Messi fez e sair com algum cisco, que dirá arranhão. Ao contrário, prova que ele tem que não deixa transparecer com seus gestos econômicos e palavras mais ainda: ambição. Que ele saia pelo mundo e seja feliz. O futebol agradece.