Quando Bolsonaro morrer

Wladmir Paulino
2 min readMar 5, 2021

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Entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia, o VAI TOMAR NO SEU CU assim mesmo com todas as letras garrafais tomou conta do Twitter no começo da noite. Mas no caso do presidente, o VTNSC, muitas vezes, era seguido do desejo de morte ao ocupante do Alvorada. E não eram poucos. Foi quando me pus a imaginar como seria a morte dele. Não a forma — tiro, câncer, covid, AVC, ou qualquer outra — mas como ela repercutiria na sociedade, no mundo?

Se ela acontecesse hoje, em pleno exercício do mandato é fácil prever: todos se descabelando, uns de alegria e outros de tristeza. Mas me pergunto é se isso acontecer daqui a uns 20 anos, quando, oremos, ele não estiver mais em Brasília. Ainda haverá alguém que reconheça ter votado nele duas, três ou quatro vezes? Vai ter honras de chefe de estado ou o ódio da população será tão grande que não vai permitir? Ou, por outro lado, será um herói da pátria?

Quando Pinochet morreu, a quantidade de chilenos comemorando nas ruas e outros tantos chorando em frente ao hospital onde ele estava internado foi chocante. Houve confronto nas ruas entre os dois grupos, mas a repercussão internacional foi majoritariamente de um discreto alívio. Ao invés de lamentar morte, representantes de governos exaltaram o que o Chile havia conquistado após a saída do velho ditador do poder.

Provavelmente aqui acontecerá algo parecido quando chegar a hora de Bolsonaro, se para pior ou melhor vai depender do curso do governo até o fim de seu período. Poderemos ver um cortejo fúnebre completamente abandonado ou filas de carros seguindo o caixão, com alguns até querendo ir para a cova com ele.

E a imprensa, como vai retratá-lo nos tradicionais obituários? Como polêmico, controverso, errático ou não terá pena e vai lembrar das mentiras, desinformação e impropérios desovados às toneladas todos os dias?

A história, ou mais precisamente, quem a escreve, nunca é unânime. Notórios genocidas ganham contornos de heróis até hoje, seja aqui ou fora de nossas fronteiras e com Bolsonaro dificilmente será diferente. A diferença é que desta vez não vamos esperar por ninguém, seremos nós mesmos a escrevê-la. Quero muito estar vivo até lá para revisar os relatos de vocês.

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